ABVE critica decisões polêmicas de Romeu Zema e Tarcísio de Freitas.
Associação critica atitudes
dos governadores de São Paulo e Minas Gerais, afirmando estarem em “descompasso
com a realidade”.
Bora contextualizar? O governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas (republicanos), vetou integralmente o projeto de lei
aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, que visava a isenção de IPVA
para veículos elétricos, híbridos e movidos a Hidrogênio. Para Tarcísio, seria
melhor incentivar apenas veículos híbridos flex e movidos a hidrogênio, e
enviou outro projeto para análise dos deputados estaduais. Em sua
justificativa, Tarcísio informou ter consultado os secretários de Fazenda, Meio
Ambiente, Infraestrutura e Logística, declarando que o Projeto de Lei (PL), não
contempla a matriz energética do estado, e na opinião do governador, a isenção
deve contemplar o uso do biocombustível.
Já para Romeu Zema (Novo), “Carro
elétrico é ameaça aos empregos no Brasil”. Durante seu discurso no evento de
criação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Consud), Zema subiu o tom e
disse: “Nós temos que lembrar:
o carro elétrico é uma ameaça aos nossos empregos aqui. A transição para o
carro elétrico envolve a importação de baterias, que pouquíssimos países
produzem” e complementou, “Envolve nós destruirmos aqui milhões de empregos de
uma cadeia produtiva que não vai ter mais sentido, peças de motor à combustão,
escapamentos, uma série de itens não são utilizados no carro elétrico. Vai
significar a migração de empregos, sem considerar em posto de gasolina, em
concessionárias.”
Em comunicado, ABVE diz estar
decepcionada com as declarações feitas pelos governadores e que eles são “hostis
ao desenvolvimento do mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil”,
afinal a associação ressalta a importância de apoiar a tendência global de eletromobilidade,
que não é voltado apenas a veículos particulares, mas toda uma produção de ônibus,
infraestrutura de recarga, setor de mineração diretamente relacionados a matérias
essenciais para a fabricação de baterias, como lítio. O presidente da ABVE
comentou sobre o fato e afirmou “Não
faz sentido as autoridades dos principais Estados do país criarem insegurança a
empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer
inovação tecnológica à indústria brasileira.” E ainda questionou o
enfoque dado ao lítio por parte de Zema, afinal o estado de Minas Gerais conta
com recurso em abundância, argumentando que poderia ser utilizado de maneira
mais eficaz para a produção de baterias, automóveis e ônibus elétricos no nosso
país”. Vale lembrar que a Stellantis tem uma grande fábrica de veículos sediada
em Betim/MG e que em breve receberá recursos para produzir veículos eletrificados
e puramente elétricos.
Leia o comunicado
na Íntegra.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico manifesta sua
decepção com as declarações recentes dos governadores de São Paulo e Minas
Gerais, ambos surpreendentemente hostis ao desenvolvimento do mercado de
veículos elétricos e híbridos no Brasil.
A surpresa é ainda maior se considerarmos
que os investimentos mais firmes do setor automotivo brasileiro, anunciados nos
últimos meses, são justamente de empresas que estão transformando a indústria
nacional, investindo em novas tecnologias e renovando suas linhas de produção
para fabricar tais veículos no país, inclusive com a aquisição de plantas
industriais desativadas.
“Não faz sentido as autoridades dos
principais Estados do país criarem insegurança a empresas que já se
comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica à
indústria brasileira” – disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
“Não nos parece sábio essas autoridades
darem um sinal de desconfiança à tendência mais relevante do setor automotivo
mundial, e esperamos que essas posições sejam reconsideradas”.
“A eletromobilidade é um ecossistema
completo. Inclui não só automóveis, mas a nova cadeia produtiva de ônibus
elétricos, a vibrante indústria de infraestrutura de recarga elétrica e um
promissor setor de mineração” – acrescentou Ricardo Bastos.
Ele lembrou que, em maio, o próprio
governador de Minas Gerais lançou na Nasdaq, a bolsa de valores do setor
tecnológico de Nova York, o importante projeto do Vale do Lítio.
“Esse lítio é só para ser exportado in
natura? Não seria mais adequado essa riqueza servir à produção de baterias,
automóveis e ônibus elétricos no Brasil”? – pergunta o presidente da
ABVE.
A ABVE entende que as afirmações do
governador de Minas Gerais, segundo quem o veículo elétrico “é uma ameaça” aos
empregos, estão em descompasso com a realidade internacional e o
desenvolvimento do próprio mercado brasileiro.
Já a decisão do governador de São Paulo de
vetar um projeto de lei da Assembleia Legislativa que propunha incentivos à
eletromobilidade no Estado, substituindo-o por uma proposta que esquece os
veículos elétricos, vai na contramão da via tecnológica mais promissora de
combate às mudanças climáticas.
Para a ABVE, o crescente número de
emplacamentos de veículos leves elétricos e híbridos nos últimos anos prova que
o consumidor brasileiro aposta cada vez mais em produtos modernos e sustentáveis
– daí os investimentos no setor.
Esses investimentos estão criando um
conjunto amplo de empresas de veículos, componentes, equipamentos e serviços,
com um número crescente de startups surgindo a cada dia.
Por fim, a ABVE ressalta que a
eletromobilidade não é incompatível com o setor de biocombustíveis. Ao
contrário, ela se soma a uma vocação já consolidada da indústria brasileira e
potencializa os benefícios de uma das matrizes de geração de eletricidade mais
sustentáveis do planeta.
São Paulo, 20 de outubro de 2023
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